sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Próxima paragem: Bolton
O Sporting carimbou ontem, em Basileia, o passaporte para os oitavos-de-final da Taça UEFA. Com estilo. Com muito estilo. A equipa, ao contrário daquilo que vem sendo hábito aquém-fronteiras, actuou como um bloco, garantindo dessa forma uma vitória fácil para as nossas cores, por números expressivos (3-0 no jogo de ontem, 5-0 no cômputo geral da eliminatória). No meio desse bloco, houve ainda tempo e espaço para alguns destaques individuais.
RUI PATRÍCIO
Foi um autêntico gigante, com intervenções decisivas em cerca de meia dúzia de lances. Sem fazer nenhuma defesa com o nível de espectacularidade daquela (talvez única) a que foi obrigado no jogo da primeira-mão, esteve perfeitamente irrepreensível de todas as vezes em que foi chamado a intervir, pondo cobro a um bom par de lances de golo quase feito.
Há uns tempos atrás, por ocasião da sua primeira chamada à Selecção Nacional, escrevi um post em que destacava a justiça desse prémio, que viria a ser o post mais comentado da curta história deste blogue. A maior parte dos comentários traduziam ainda algum sentimento de desconfiança em relação às capacidades do jogador, nomeadamente quando comparadas com as do seu principal concorrente a titular do posto de guarda-redes da equipa do Sporting.
Hoje, as dúvidas serão menores, começando a existir por aí muito boa gente que começa a dar por garantida a sua presença no lote de convocados para o Euro 2008. Eu próprio, quando escrevi o tal post, achava que a convocatória tinha feito sentido mas entendia-a mais como um prémio para o bom trabalho desenvolvido e um incentivo para o futuro. Hoje, estou convencido de que não haverá por aí muitos candidatos à 3ª vaga naquele lote de convocados e menos ainda à titularidade da selecção a médio prazo.
BRUNO PEREIRINHA
Quem está familiarizado com o seu percurso nos escalões de formação (que não é o meu caso), estranhava que o seu rendimento estivesse limitado àquilo que nos vinha mostrando ao serviço da equipa principal do Sporting, nas poucas oportunidades que teve de se exibir.
Vem ganhando, e de que maneira, o seu espaço na equipa do Sporting. Chega a ser decisivo, como foi o caso ontem, com o belíssimo golo apontado que abriu caminho a mais uma grande noite europeia. É, cada vez mais, uma aposta ganha de Paulo Bento, que sempre acreditou nele.
JOÃO MOUTINHO
Está em crescendo de forma e a equipa beneficia desse facto. Esteve muito bem durante quase todo o jogo, nas várias funções e tarefas que foi chamado a desempenhar, mas algumas das suas intervenções, nomeadamente a desmarcar colegas, inventando espaços onde colocar a bola, destacam-se claramente da média.
O seu passe para o primeiro golo do Sporting, marcado por Pereirinha, é absolutamente magistral, sublime, a raiar a perfeição.
LIEDSON
Com os 2 golos apontados ontem, igualou o nosso grande ex-capitão Manuel Fernandes na lista dos melhores marcadores do Sporting em competições europeias, com a marca de 18 golos. Este facto é bem paradigmático daquilo que têm sido os últimos anos do Sporting e da forma como a história (recente, mas não só) do clube é percepcionada pelos seus adeptos.
A percepção geral é de que o Sporting já viveu melhores dias, facto que, para muitos, justifica o relativo e crescente distanciamento com que vão vivendo o dia-a-dia do clube do seu coração. O actual modelo de governação e principais estratégias seguidas na gestão do futebol do clube são amiúde criticadas.
E, no entanto, o Sporting, hoje em dia, bate-se normalmente até muito perto do seu final pela conquista das principais provas do calendário nacional (com a notória excepção do ano em curso, no que ao campeonato nacional diz respeito), quando a regra consistia normalmente em começar a pensar na época seguinte por alturas do Natal. Nos últimos 8 anos, conquistou dois campeonatos nacionais e duas Taças de Portugal, tendo ainda conseguido apurar-se directamente para a Liga dos Campeões nos últimos dois anos.
Ao nível europeu, temos o exemplo de Liedson que, em 5 anos ao serviço do Sporting, conseguiu alcançar o mesmo feito que tinha demorado 12 anos (doze!) ao grande Manuel Fernandes (nem mais, nem menos) a alcançar, podendo-nos ainda gabar de termos atingido, nesse período, a segunda final europeia da nossa história.
Das duas uma: ou a nossa história não é tão brilhante como a pintam ou o período “passivo-dependente” não é assim tão mau. E todos sabemos que não é a primeira hipótese.
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1 comentário:
Caro Visconde,
Um post fantástico. Haja alguém que revele bom-senso no meio da histeria que se tem vivido e que após o jogo de ontem, ameaça voltar a reaparecer.
Um forte abraço Leonino!
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