sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

E o burro sou eu?!...


Há funções mais difíceis de desempenhar do que outras, funções em que cada decisão é um risco, em que um rol de factores pode transformar uma boa ideia no papel num rotundo fracasso na prática e a possibilidade de errar está sempre por perto.

A função de gestor de activos é uma delas, estejamos a falar de activos desportivos, financeiros ou outros.

Pelas características inerentes à função, cada decisão, a bem da justiça, deve ser avaliada no momento e no contexto em que é tomada, atendendo à conjuntura do mercado e aos recursos disponíveis.

Alternativamente, poderá essa avaliação ser feita por comparação dos resultados obtidos pelos vários agentes de um mesmo mercado que concorram entre si.

Tendo isto presente e sabendo que é um dos alvos preferidos das críticas de uma parte significativa dos adeptos sportinguistas, Carlos Freitas, ao saber que há clubes que, chegados a Dezembro, dão guia de marcha a 9 jogadores, dos quais nada mais nada menos do que 8 só tinham ingressado no plantel no início da época em curso, só pode ter pensado de si para si: “E o burro sou eu?!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Liedson resolve... disparatar!


Nunca vivi num regime ditatorial nem sequer num quartel-general, mas tenho ideia que em qualquer um desses contextos tende a existir pouca liberdade para se vir para a praça pública fazer declarações destas.

Por estas e por outras é que continuo a achar que, aos 30 anos, ainda se está em muito boa idade para apanhar uns bons açoites. À falta de melhor alternativa, lá terá Paulo Bento de voltar a colocar o ex-repositor de supermercado na... prateleira.

Entrevista de Filipe Soares Franco


O Record publicou ontem uma extensa entrevista com o Dr. Filipe Soares Franco, Presidente do Sporting Clube de Portugal, que pode ser hoje lida na sua versão online.

A primeira nota de destaque vai, obviamente, para o facto de aquela publicação desportiva, ao contrário daquilo a que já nos habituou, ter preenchido o vazio de informação que caracteriza esta época do ano com nem mais nem menos do que… uma peça jornalística. Bem hajam por isso!

Por entre as perguntas que não foram feitas e as respostas que não foram dadas, algumas passagens chamaram a minha especial atenção.

CARLOS PAREDES

Como dizia um antigo professor meu de Introdução à Economia (Prof. João César das Neves), “à segunda-feira, toda a gente acerta no Totobola”.

Isto para dizer que, embora considere que só fica bem ao presidente do Sporting (como a qualquer outro ser humano) reconhecer os seus erros, não posso concordar com ele.

Carlos Paredes, à época da sua contratação, era um jogador de créditos firmados, experiente, com um vastíssimo currículo que, por esses motivos, poderia ser de extrema utilidade a uma equipa, como a do Sporting, à qual mais do que qualidade, faltaria alguma experiência.

Não resultou, de facto. Mas isso, por si só, não invalida que, à data à qual foi feita, não tenha sido uma boa contratação. E é na altura própria que devem (ou não) ser reconhecidos os méritos de determinados actos e não apenas depois de serem conhecidos os seus resultados práticos.

CARLOS FREITAS

Este é, sem dúvida, o elo mais fraco da actual estrutura directiva do futebol do Sporting.

Soares Franco é o Presidente do Sporting Clube de Portugal, o que lhe confere um estatuto e lhe garante um especial respeito que lhe advém do cargo que ocupa. Ribeiro Telles é uma espécie de reserva moral dos sportinguistas (por motivos que me escapam, devo confessar). Pedro Barbosa é um antigo e carismático capitão de equipa. Paulo Bento teve o mérito de criar uma especial empatia com os adeptos.

Sobra Carlos Freitas que, além de não gozar do estatuto de nenhum dos supracitados, é assumidamente não sportinguista. Além disso, nunca tentou colocar-se em bicos de pés para recolher os louros dos títulos que ajudou a alcançar, não criando dessa forma uma especial empatia com os adeptos que, pura e simplesmente, tendem a dissociá-lo desses títulos e a associá-lo apenas e somente a algumas contratações falhadas, com prejuízo claro e óbvio para a sua imagem.

Ao longo do recente processo de julgamento de Carlos Freitas na praça pública, alguns mitos se foram criando. Um deles, talvez o mais paradigmático, está relacionado com o prémio de produtividade que recebeu no final da época 2006/2007 – 86 mil Euros – por ter contribuído para a qualificação da equipa do Sporting para a Liga dos Campeões, através do 2º lugar alcançado na Liga nacional.

Já era tempo de alguém vir a terreiro, como Soares Franco agora fez, sair em defesa de Carlos Freitas e colocar um ponto final neste episódio. Diz Soares Franco que, “comparativamente com os prémios que são atribuídos pelos nossos concorrentes, (…) 86 mil Euros é quase ridículo”. Não conheço a realidade dos “nossos concorrentes”, pelo que não posso aquilatar da veracidade destas palavras.

Mas conheço a realidade empresarial. Grande parte dos quadros directivos de grande parte das empresas cotadas tem acesso a prémios daquela magnitude (pelo menos), já para não falar em membros dos órgãos sociais, como é o caso de Carlos Freitas.

Independentemente da imagem que alguns puristas queiram fazer passar, o 2º lugar é, actualmente, e à falta de melhor, uma conquista para qualquer clube da Liga Portuguesa, não só pelo acréscimo de prestígio associado à participação na Liga dos Campeões, mas sobretudo pelo significativo volume de receitas em que se traduz. Numa perspectiva empresarial, é claro que esse feito tem de ser premiado.

E não esqueçamos que Carlos Freitas, enquanto responsável do futebol do Sporting, esteve também associado ao êxito desportivo, designadamente a conquista da Taça de Portugal.

MODALIDADES

Embora não tenha resultado claro, da entrevista concedida por Filipe Soares Franco, a forma como os sócios do Sporting serão chamados a decidir, já que o próprio exclui à partida a hipótese de referendar essa questão, concordo que caiba aos sócios do clube a última palavra sobre a continuidade (ou não) das modalidades amadoras.

A questão não é simples. Há quem entenda que o Sporting, tal como o Manchester Utd, por exemplo, deverá dedicar-se exclusivamente ao futebol, modalidade que lhe dá visibilidade e receitas. Há, por outro lado, quem entenda que o Sporting, tal como o Real Madrid ou o Barcelona, por exemplo, deverá honrar a sua história, a sua tradição ecléctica e os seus pergaminhos de uma das equipas mais tituladas do mundo nas mais diferentes modalidades, afectando recursos do futebol à manutenção dessas modalidades. Penso que será uma questão que deverá ser deixada à consciência de cada um dos sócios do clube.

Mas parece-me inegável que, como defende Soares Franco, o Estado deve assumir parte dos encargos dessas modalidades e devolver ao Sporting parte daquilo que o Sporting tem dado ao País ao longo dos anos.

Não me parece sequer que seja uma situação de excepção porque o Sporting, ao contrário de outros, dá um contributo decisivo para a formação de atletas das mais diferentes modalidades, fazendo jus à sua natureza de instituição de utilidade pública, num trabalho meritório que consome recursos.

O Sporting não se limita a juntar aos seus quadros atletas de créditos firmados, comprando dessa forma a glória. O Sporting investe tempo e dinheiro na criação de atletas, de campeões, para o clube e para o País.

Ainda que mal comparado, no que diz respeito às modalidades, a diferença entre o Sporting e alguns dos seus concorrentes é semelhante à existente, no mundo empresarial, entre alguém como o Eng.º Belmiro de Azevedo e alguém como Joe Berardo. Enquanto o primeiro corre riscos, investe, cria emprego, enfim, tem iniciativa empresarial, com benefícios claros para a sociedade em que se insere, o segundo tira proveito da iniciativa de terceiros, tendo como único fito a obtenção de proveitos próprios no mais curto espaço de tempo.

Um merece ser incentivado, o outro não.

LOTEAMENTO

Soares Franco reconhece que o imbróglio com a Câmara Municipal de Lisboa se traduziu em prejuízos directos da ordem dos 12 milhões de Euros. Prejuízos que os nossos adversários directos não tiveram porque, ao contrário do Sporting, e como já vem sendo hábito, conseguiram obter cedências por parte do poder político em condições muito mais vantajosas, quer se meça em termos das contrapartidas propriamente ditas, quer se meça em espaço de tempo que as mesmas demoraram a ser deliberadas e a produzir os devidos efeitos.

Tudo isto nos leva a pensar que talvez fosse apropriada a tomada de uma medida de força, para que ao Sporting seja dado aquilo que lhe é devido (e nada mais do que isso).

Face a isto, como reage o Presidente do Sporting Clube de Portugal? Pasme-se… Por “uma questão de educação e formação”, não é capaz de “tomar uma medida radical em relação à Câmara”, apesar de reconhecer que a sua atitude “faz mal ao Sporting”! Segundo o próprio, o Sporting não toma uma posição de força nesta matéria porque “tem um mau presidente para estas causas”!

Que educação foi essa que recebeu que é incompatível com a defesa dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal, senhor Presidente?!

Não estamos a falar em eleger o director-executivo da Liga de Clubes tendo em vista a obtenção de proveitos próprios nem em contratar para os órgãos sociais do clube o dono de um clube adversário, nem outras tramóias do género. Aí, estamos de acordo. Não há título de campeão nacional que valha a participação activa num desses cambalachos. É uma questão de princípio.

Estamos a falar, apenas e somente, da representação institucional do Sporting Clube de Portugal junto de um órgão de soberania. Que educação ou formação se poderá sobrepor a isso? Que princípios morais assim tão sagrados estaria a pôr em causa? Não foi precisamente para isso que foi eleito? A quem caberá então a espinhosa missão de defender os interesses do Sporting se não ao Presidente do próprio clube?

Porque se não se imiscui nos assuntos do futebol, nem entende que a defesa dos interesses do clube se enquadre na descrição de funções do cargo que ocupa, começa a ficar mais clara a razão pela qual o Sporting só lhe ocupa uma hora por dia. Afinal de contas, não sobra muito mais com que se preocupar.

PRIORIDADES

Diz também Filipe Soares Franco, a páginas tantas: “Estou a erguer um projecto empresarial onde tenho milhares de pessoas dependentes de mim e precisam de ter a confiança e atenção. Portanto, não podem perceber que o Sporting é a minha primeira prioridade. E não é.”!

Palavras para quê?... É tudo uma questão de prioridades! E de muita falta de pudor!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Boas Festas!


O Visconde de Alvalade deseja a todos um Santo Natal e um 2008 cheio de Esforço, Dedicação, Devoção e Glória!

domingo, 23 de dezembro de 2007

Temos leão!


O Sporting alcançou, frente ao Paços de Ferreira, a sua quarta vitória consecutiva, no conjunto de todas as competições, num jogo quase tirado a papel químico do anterior jogo para a Liga, na Madeira, frente ao Marítimo: exibição apenas suficiente, numa vitória por 2-1, resultante de uma reviravolta no marcador.

Notas soltas sobre o jogo de ontem:

VUKCEVIC

O montenegrino continua a cotar-se como o melhor reforço da época: muita garra e alguma técnica são os atributos que fazem dele o homem do momento (até pela falta de alternativas).

À semelhança do que tinha acontecido na Madeira, marcou um golo e meio. Contra o Marítimo, tinha contado com a colaboração de Ediglê (que deu o toque final na direcção das redes após um cabeceamento seu), agora foi a vez de Romagnoli converter em golo uma grande penalidade (ufa!) ganha pelo número 10.

A única coisa que se lhe pode apontar é alguma precipitação resultante do excesso de atitude com que encara cada lance, o que, no actual contexto de apatia colectiva, nem será forçosamente mau.

MIGUEL VELOSO

Apático. Chega a ser confrangedora a sua falta de atitude. Aos 15 minutos de jogo, já não recupera para acompanhar os contra-ataques adversários. Durante todo o jogo, marca os adversários com os olhos a 3 metros de distância.

Tem rendido mais a lateral-esquerdo onde consegue disfarçar melhor a falta de atitude e ainda aproveita para fazer uso da sua boa capacidade de cruzamento.

Mas que não haja dúvidas. Classe não lhe falta. A provar isso mesmo está o passe magistral para a desmarcação de Vukcevic no 1º golo do Sporting.

RONNY

Está lá, mas é como se não estivesse. Paulo Bento sabe isso mas, enquanto não tem uma alternativa digna desse nome, não quer queimar definitivamente o jogador. Resta-nos esperar que o mês de Janeiro seja pródigo em novidades a este respeito.

LIEDSON / PUROVIC

Muito apagados. O primeiro num momento de forma menos bom, embora nada lhe possa ser apontado em termos de atitude. O segundo, embora a melhorar de forma, é um jogador limitado. Ainda está por provar a utilidade da sua utilização simultânea, para além da abertura de espaços para quem vem de trás. No lance em que podiam ter morto o jogo, Liedson podia ter feito melhor, já Purovic tenho as minhas dúvidas.

NÚCLEOS

Ontem foi o jogo dos núcleos. Dizia o speaker de serviço que os núcleos são a vitalidade do Sporting. Também acredito que sim. Aqueles 3 milhares que marcaram ontem presença no estádio sentem o clube de forma mais apaixonada e deram um colorido e uma animação diferentes ao jogo de ontem.

Penso que, mais do que a vitalidade do Sporting, serão a garantia da sua sobrevivência. Porque se esta última depender do adepto tradicional, aquele que nos garante o epíteto de sermos um clube “diferente”, é apenas uma questão de tempo até assistirmos ao consumar da nossa “belenensização”. Que o digam os cerca de 17.000 adeptos que ontem pagaram bilhete mas resolveram ficar em casa.

JUVE LEO

Por último, não quero deixar de saudar as pazes ontem feitas, à vista de todos, entre jogadores e adeptos, aqui representados pela Juve Leo. Até deu tempo para, ao contrário daquilo que tinha acontecido nos tempos mais recentes, a claque do Sporting passar a apontar armas para os adversários que, como defendo, se encontram quase exclusivamente fora de portas e não dentro de nossa casa, e que têm prejudicado e muito o regular desenvolvimento da actividade do clube (no caso, a Câmara Municipal de Lisboa e a desfaçatez de quem dirige os seus destinos).

sábado, 22 de dezembro de 2007

Porreiro, pá!

Querido Menino Jesus,

Dada a prontidão com que respondeste ao meu pedido de ontem (com uma grande penalidade por assinalar e tudo), só posso concluir que, tal como o comum dos mortais, também Tu Te confrontas no dia-a-dia com os efeitos das políticas do Eng.º Sócrates: podes não encontrar um sítio em condições para nascer, mas lá o acesso à Internet em banda larga não Te falta!

Porreiro, pá!

PS: Agora só faltava um golinho do Purovic com os pés a dar-nos a vitória no jogo de logo à noite e eu garanto-Te que estas cartas passam logo a ter lugar cativo aqui no blogue! Se ao menos eu soubesse há mais tempo que eras leitor aqui do Visconde…

Jesualdo Calcanhoto

Li algures, no início do ano que agora termina, que durante a primeira volta da época 2006/2007, o FC Porto não ganhou um único jogo sem a intervenção directa (e decisiva) de Ricardo Quaresma, a marcar ou a assistir.

Ontem, Quaresma ficou na bancada e o resultado foi o que se viu.

Neste contexto, não pude evitar pensar que, só pela sua prosaica falta de modéstia, Jesualdo não terá pensado, tal como Adriana Calcanhoto:

Avião sem asa
Fogueira sem brasa

Sou eu assim sem você
Futebol sem bola
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Amor sem beijinho
Bochecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço
Namoro sem abraço
Sou eu assim sem você

Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Porquê? Porquê?

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Carta ao Menino Jesus

Querido Menino Jesus,

Sei que esta é uma época do ano particularmente atribulada para Ti, mas só Te peço meia dúzia de minutos do Teu precioso tempo.

Antes de mais, não queria deixar de Te agradecer a simpática prenda que deixaste no nosso sapatinho, que dá pelo nome de FC Basel. Confesso que me surpreendeste, já que, a este respeito, não tens primado, no passado, por uma especial generosidade em relação a estes Teus servos. Oxalá não nos deparemos com nenhuma surpresa ao desembrulhá-la, mas reconheço que Tu fizeste a tua parte.

Mas queria aproveitar esta ocasião para Te fazer os tradicionais pedidos desta época festiva. Nem sequer são para mim… Tu, melhor que ninguém, sabes que, chegada a quadra natalícia, os nossos pensamentos viram-se mais para os outros, os que mais precisam, do que para nós próprios!

Tendo isso em consideração, o meu primeiro pensamento vai direitinho para os mais necessitados, clubes mais pequenos que existem por esse mundo fora, que almejam a dias melhores e que, nesse sentido, davam tudo para contar nas suas fileiras com jogadores do nível de um Pontus Farnerud ou de um Carlos Paredes. Faz-lhes a vontade. Garanto-Te que, da nossa parte, estamos perfeitamente imbuídos do espírito de partilha que caracteriza esta época e, nesses termos, dispostos a abrir mão destas nossas pérolas… tudo em prol de um Mundo mais equitativo, claro!

Mas esta é também uma época de reconciliação. Por isso, o meu segundo pedido tem como destinatários os nossos tradicionais adversários. Queria pedir-Te que Te lembrasses deles de vez em quando e, se fosse possível, também os presenteasses, ainda que muito esporadicamente, com um dos seguintes mimos:

- uns golos sofridos nos últimos minutos de jogos da Liga dos Campeões (então se for com a bola a carambolar em quatro pernas e oito cabeças antes de se aninhar no fundo das redes, tanto melhor);

- uns cortes dos defesas transformados em livres indirectos, dentro da própria área, a favor dos adversários, ou umas grandes penalidades não assinaladas a seu favor (chamo a Tua atenção para o facto de este mimo surtir melhor efeito se ocorrer em confrontos com adversários directos);

- umas lesões de jogadores importantes para a estratégia das respectivas equipas (nem é preciso serem muito graves, basta que os deixem inactivos durante um período de tempo à volta dos 6 meses);

- uns sucessivos adiamentos de decisões das autoridades camarárias que se traduzissem em graves prejuízos financeiros (em contrapartida, ainda no âmbito do espírito natalício, acho até que conseguiríamos convencer os responsáveis do Sporting a deixar de pagar as dívidas ao Fisco e dar à penhora os azulejos do estádio – porque devem ser o nosso activo mais importante – para garantir essas dívidas);

- e tudo o mais de que Te lembres com que também tenhas agraciado o Sporting nos tempos mais próximos… tudo a bem de um Mundo mais justo, claro!

Mas porque, às vezes, tendemos mais a preocupar-nos com quem está longe e a descurar as necessidades do que estão mesmo debaixo dos nossos olhos, queira fazer-Te um pedido especial para um senhor que dá pelo nome de Carlos Freitas.

Ilumina-o com a Tua sabedoria. Consta por aí que é a única coisa que lhe falta para que, em vez de Purovic’s, Izmailov’s, Had’s e outros que tais, ele não compre Aguero’s, Messi’s e Drenthe’s.

Ou então se, ainda assim, ele, por manifesta incompetência, não conseguir garantir o concurso de jogadores dessa craveira, faz com que os reforços que ele venha a conseguir se adaptem num prazo não superior a 3 dias ao nosso futebol e aprendam a falar português em não mais de 4 ou 5 horas, independentemente da longitude e/ou latitude da respectiva proveniência. Ah! E que não se lesionem. E que sejam bons. Todos. Sem excepção. Não deve ser assim tão complicado.

E por falar em complicado, reservei para o fim um pedido especial. Reconheço que não é simples. Nada simples. Mas, se alguém consegue, esse alguém és Tu.

Achas que seria pedir muito substituíres os tijolos que o Purovic tem nas extremidades de cada perna por… não sei… nem é forçoso que sejam dois pés… talvez um já fosse bom… ou uma prótese… olha, deixo ao Teu critério, vê lá o que é que podes fazer! Mas, pelo sim pelo não, preocupa-Te antes com os outros pedidos que te faço.

Bem hajas!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Em defesa do Sporting e dos seus símbolos

O Sporting é sagrado, tal como os seus símbolos.

Por isso, independentemente dos motivos que lhe assistam, ninguém, seja ou não membro de um grupo organizado com provas dadas de amor e apoio incondicional ao clube, poderá rogar-se o direito de profanar a camisola do Sporting, um dos principais símbolos do clube, em defesa desses motivos.


Da mesma forma, também um ex-capitão da equipa principal, com 10 anos de serviço prestado ao clube e provas dadas de amor e dedicação incondicionais ao mesmo, é um símbolo do Sporting.

Como tal, independentemente dos motivos invocados pela direcção do Sporting Clube de Portugal na acção legal contra Iordanov (alguns dos quais serão eventualmente legítimos, à semelhança dos motivos que moveram a Juve Leo no seu protesto), este último deveria ser tratado com o respeito que fez por merecer e que lhe é por todos reconhecido.

Se o processo judicial não puder ser pura e simplesmente abandonado (não esquecendo que na sua génese estará a defesa dos interesses do clube, tais como alguns os entendem), pelo menos que se abstenham de manchar de forma reiterada o bom-nome do nosso ex-capitão na praça pública.

Em defesa do Sporting e dos seus símbolos.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

E vão três!

O Sporting alcançou esta noite uma preciosa vitória no Funchal, completando dessa forma o melhor ciclo de uma época irregular, dando seguimento às recentes vitórias alcançadas frente ao Dínamo de Kiev para a Champions League e contra o Louletano para a Taça de Portugal.

O resultado alcançado é particularmente saboroso porque: (i) foi obtido contra um adversário tradicionalmente complicado quando actua na condição de anfitrião; (ii) resultou de uma reviravolta no marcador, com o golo da vitória a ser apontado muito perto do final do encontro; (iii) permite manter a distância para o 1º lugar e encurtar a distância para o 2º; e, finalmente, (iv) foi melhor do que a exibição rubricada.

Aquilo que se espera é que esta vitória possa funcionar como (mais) um tónico que ajude a aumentar os índices anímicos e de confiança desta fragilizada equipa.

Algumas notas dispersas sobre o jogo:

VUKCEVIC


Foi, sem margem para dúvidas, o homem do jogo, quanto mais não seja por ter estado na origem dos dois golos apontados pelo Sporting, mas não só já que rubricou uma das melhores exibições da equipa do Sporting.

Há muito que defendo a inclusão deste jogador no onze titular em detrimento de Izmailov (ou, quanto muito, em simultâneo com o russo), mas Paulo Bento lá terá as suas razões para não apostar nele de forma mais consistente.

Consegue suprir algumas eventuais deficiências técnicas com a garra com que encara cada lance. É um jogador muito mais interventivo e acutilante do que Izmailov. Não tem medo de assumir o jogo, jogando e fazendo jogar.

ABEL

Sou um confesso admirador do estilo de jogo deste lateral-direito desde os tempos em que vestia a camisola do Sporting de Braga, principalmente pela forma como se entrosa na manobra ofensiva da equipa.

Uma parte considerável do jogo do Sporting passa pelos seus pés, compensando dessa forma quer a evidente debilidade do flanco esquerdo, quer ainda a falta de um médio que, à semelhança daquilo que Nani ou Carlos Martins faziam a espaços na época passada, possa desequilibrar de forma mais efectiva.

Para a estatística ficam mais um fabuloso remate do meio da rua a obrigar o guarda-redes adversário a defesa apertada e a assistência para o primeiro golo do Sporting.

MIGUEL VELOSO

Uma sombra do jogador da época passada. Não sei se anda com a cabeça nas passerelles ou noutras paragens mais longínquas, mas que ela não está no sítio certo, não está.

Falha passes, não mete o pé, falha marcações (como no lance do golo do Marítimo que a fotografia ao lado documenta), tenta adornar lances em que se exigia maior espírito prático…

Tem produzido mais quando é utilizado na posição de lateral-esquerdo do que no centro do terreno, o que se formos a ver até nem é forçosamente mau porque… é bem capaz de ser o melhor defesa esquerdo do plantel!

LIEDSON

Incrível! A cumprir a sua 5ª época ao serviço do Sporting, esteve em risco de, pela primeira vez, ficar de fora por lesão mas… recuperou! Um exemplo de resistência.

Para terminar, uma verdadeira pérola com que o comentador de serviço da SportTV nos brindou a meio da transmissão: “Não devem estar nos Barreiros mais do que 20 adeptos do Sporting”! Há alturas em que, definitivamente, a emoção se sobrepõe à razão!

sábado, 15 de dezembro de 2007

O Sporting, pois claro!...


Rui Patrício regressa amanhã ao palco que assistiu à sua estreia como titular da equipa principal do Sporting, num jogo de boa memória, ao qual o seu nome ficou indelevelmente associado pelo facto de ter defendido uma grande penalidade e, dessa forma, ter “oferecido” a vitória ao seu clube do coração.

Não sei se terá oportunidade de repetir a façanha. Não sei sequer se terá a oportunidade de repetir a titularidade. Só Paulo Bento o saberá. Mas também não é esse o assunto que me traz aqui.

Escrevo a propósito de uma entrevista dada pelo jogador a Karen Matzenbacher (a ex-senhora Mário Jardel), para o programa “Futebol de Salto Alto”, transmitida durante a semana que agora acaba pela SportTV, e de que o Diário de Notícias faz eco, ainda que de forma muito resumida, na sua edição de hoje.

Além da grande humildade do jogador que muito me aprouve registar e que o mesmo reconheceu ser uma das suas principais qualidades, queria aqui destacar as respostas dadas a alguns reptos que lhe foram lançados, sob a forma de jogo de associação de ideias:

P: Sporting…

R: O melhor clube do Mundo!

Não “um clube a quem devo muito” nem sequer “o clube que apostou em mim quando outros não o fizeram”, mas apenas e somente “o melhor clube do Mundo!”.

P: Clube de sonho…

R: Para mim, é o Sporting!

Pois claro, acrescentaria eu!

Paulo Bento até lhe pode tirar a titularidade, mas aquilo que já ninguém lhe tira é um cantinho especial aqui no coração do Visconde!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Faz hoje 21 anos!


Foi a 14 de Dezembro de 1986, faz hoje 21 anos, que se fabricou o resultado mais significativo da história do futebol português.

No velhinho Estádio José Alvalade, perante 70 mil espectadores e com arbitragem a cargo de Vítor Correia, o Sporting alinhou com: Damas; Gabriel, Venâncio, Virgílio, Fernando Mendes (Duílio, 78 m), Oceano, Litos (Silvinho, 78 m), Zinho, Mário Jorge, Manuel Fernandes (cap.) e Meade.

Manuel José era o treinador, tendo os golos do Sporting sido marcados por Manuel Fernandes (4), Mário Jorge (2) e Meade.

Lição de Búlgaro


Ficámos hoje a saber aqui que, em búlgaro,

"Tenho contrato e gostava de cumpri-lo, mas não depende só de mim. Há que fazer algo para eu ficar."

diz-se

"Se a minha relação com o Sporting fosse marcada pelo dinheiro provavelmente não teria vestido aquela camisola durante dez anos. (...) Para mim, o Sporting é sagrado."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O Sporting não merecia...

Dói-me a alma que este seja o tema do meu primeiro post, mas as circunstâncias assim o obrigam.

Confesso que, embora nunca tenha pertencido a nenhuma claque, reconheço-lhes inteiramente o mérito de servirem o Sporting ao acompanharem a equipa um pouco por todo o lado, especialmente numa altura em que, reconheçamos, o número de apoiantes e de espectadores nos estádios definha.

Concordo que desempenham um papel fundamental de representação do clube (principalmente fora de portas), dando voz a muitos de nós que, pelos mais diversos motivos, não podem ou não querem fazê-lo (porque também há – e cada vez mais, diria eu – os que se enquadram neste último caso).

Acho, por outro lado, que este papel só poderá ser válido enquanto a substância (o amor que terão pelo clube) não for adulterada pela forma (comportamentos desrespeitosos e pouco abonatórios do respeito que a instituição que todos amamos – o Sporting – devia merecer).

Mas vamos por partes...

Tudo isto começou, como bem se lembram, com a acção de protesto convocada para o dia do jogo com o Louletano.

Os motivos apontados para o protesto eram vários, sendo que há um que gostaria de destacar: o facto de os jogadores não se terem deslocado junto dos adeptos para agradecer o apoio prestado, nos jogos de Roma e Manchester. Tive oportunidade de constatar isso mesmo in loco e, nesse sentido, sentir na pele essa indiferença e partilhar dessa mágoa.

Concordo em absoluto com o motivo e considero totalmente legítima a revolta sentida.

Na minha opinião, isso é a face mais visível de um divórcio (que já não é de hoje) entre os jogadores que representam o clube e o próprio clube, a sua mística e, mais concretamente, os seus adeptos.

Acho por isso legítimo que se pretenda encontrar formas para alterar esse aspecto em particular. Acho até legítimo que, independentemente dos (restantes) motivos apontados, a Juve Leo opte por realizar um protesto por ocasião do jogo com o Louletano, embora não concorde com a forma do mesmo.

Se o problema identificado se prende com o distanciamento entre jogadores e massa adepta, penso que a forma de protesto encontrada (não comparecer ou atrasar a comparência no estádio) não será a melhor forma de o mitigar, antes pelo contrário, porque só tende a agudizar esse distanciamento. O que não impede que estejam no seu direito de se manifestar da forma como o fizeram, ordeira, civilizada e respeitosamente.

A entrada da claque (ou de uma parte dos seus elementos) no estádio, com cerca de 1 hora de jogo decorrido, foi coroada com uma vaia por parte dos (poucos) fiéis adeptos que resolveram marcar presença nas bancadas nesse dia.

Penso que é legítimo. Penso que até este momento, quer uns (membros da claque), quer outros (restantes adeptos), independentemente dos motivos que lhes assistiam, agiram tendo em consideração aquilo que, no entender de cada uma das partes, acharam ser o melhor, tendo como única e exclusiva preocupação os superiores interesses do clube.

A reacção da Juve Leo (ou de parte dos seus membros que se associaram a este protesto) à vaia com que foi recebida começou por ser adequada, na minha opinião. Pareceu-me, numa primeira fase, que, numa atitude magnânime e digna, iriam dar por encerrado o protesto, talvez na crença de que o mesmo teria surtido os efeitos desejados, dedicando-se àquilo que de melhor sabem fazer: apoiar o clube e a equipa de todos nós e galvanizar o restante estádio para esse mesmo apoio.

Foi isso que aconteceu numa primeira fase, mas foi sol de pouca dura.

Imediatamente a seguir, o caldo entornou. Como que acicatados pela vaia com que foram recebidos no estádio, começaram a disparar em todos os sentidos, na maior parte das vezes de forma desrespeitosa. Para mim, caso haja um facto que, por si só, tenha desencadeado e justifique esta espiral de desrespeito mútuo entre a referida claque e os restantes adeptos e os jogadores da equipa, terá sido este.

Neste momento, na minha opinião, a claque já não estava a agir em prol dos superiores interesses do clube, mas sim na defesa do próprio orgulho, que tinha sido ferido. E, nesse momento, para mim, perderam toda a legitimidade.

Daí para a frente, assistimos a atitudes irreflectidas dos vários intervenientes: desde a própria claque, passando pelo dirigente que terá supostamente dado a instrução para que alguns jogadores se dirigissem junto das restantes claques com o intuito de oferecerem as respectivas camisolas, até aos próprios jogadores que o fizeram e restantes adeptos que aplaudiram esse gesto.

Confesso que, naquele momento, me juntei a essa manifestação de apreço pelo gesto dos referidos jogadores mas, mais a frio, não posso deixar de pensar que faltou uma grande dose de bom senso a todos os envolvidos: (i) à claque por ter enveredado pelo caminho do insulto, que não a dignifica a ela nem ao Sporting, (ii) ao tal dirigente que, em vez de tentar apaziguar os ânimos, como lhe competia, terá supostamente resolvido lançar mais uma acha para a fogueira, (iii) aos jogadores que alinharam neste afrontamento à Juve Leo (sendo que estamos a falar dos mesmos jogadores que se revelam incapazes de, noutras ocasiões, e por iniciativa própria, tomar semelhantes atitudes como prova do seu reconhecimento pelo apoio prestado) e, finalmente, (iv) aos restantes adeptos, entre os quais me incluo, que premiaram esse gesto com o seu aplauso, contribuindo ainda mais para o extremar de posições.

Mas as coisas não haveriam de ficar por aqui. Um novo comunicado foi emitido, no qual a dita claque prometia, num gesto simbólico, não mais entoar qualquer cântico alusivo a um só jogador (um direito que lhe assiste e que não diminui em nada o seu contributo para o espectáculo e para o apoio que devem dar à equipa), garantindo, por outro lado, numa atitude perfeitamente revanchista, que devolveria qualquer camisola que fosse atirada por um jogador para a sua bancada.

O comportamento da Juve Leo, ao longo do jogo contra o Dínamo de Kiev, foi exemplar. Os seus elementos não pouparam esforços no apoio à equipa, tal como já nos têm habituado. Mas o pior ainda estava para vir…

Num gesto revelador de grande coragem, carácter e dignidade, digno de um verdadeiro capitão do Sporting Clube de Portugal, João Moutinho dirigiu-se no final do jogo à bancada sul, para oferecer a sua camisola (junto à qual também seguia a braçadeira de capitão), num gesto pleno de simbolismo que teria como fim último o enterrar do machado de guerra.

E foi aí que se deu o facto isolado mais baixo, vil, ignóbil, vergonhoso, indigno, abjecto e desprezível que alguma vez me foi dado a ver por parte de um adepto do Sporting: o arremessar da camisola do capitão de equipa de volta para o relvado.

Não culpo apenas o autor do arremesso. Eu estava lá. Eu vi. Passaram alguns segundos entre o momento em que alguém terá agarrado na camisola atirada por João Moutinho e o momento em que a mesma foi arremessada de volta para o relvado. No entretanto, uma multidão de gente o rodeou e o convenceu, vá-se lá saber com que argumentos, a praticar o acto ignóbil que nos foi dado a ver a todos os que nos encontrávamos no estádio ou em frente à televisão, em Portugal, no resto da Europa ou no resto do Mundo.

Duvido que a mesma pessoa tivesse praticado o mesmo acto se as circunstâncias não fossem as mesmas. Não quero com isto desculpabilizar este acto reles, mas tão somente chamar a atenção para o facto de que a responsabilidade última do mesmo não recai única e exclusivamente nos ombros desse indivíduo e, como tal, seria na minha opinião de alguma forma injusto que fizessem dele o bode expiatório.

Por um motivo simples: na minha opinião, aquele adepto tomou a atitude que tomou porque lhe faltou a coragem para, de forma isolada, afrontar aquela horda que o rodeou. Precisamente a mesma coragem que tem faltado aos responsáveis do Sporting Clube de Portugal para afrontar esses mesmos senhores, ainda que rodeados de todo o seu peso institucional.

Espero que seja chegada a hora de alguém ter bom senso no meio disto tudo. E coragem. Para assumir erros, mas também para tomar as medidas que eventualmente se imponham. São as duas únicas coisas que se pedem neste momento conturbado, em prol do Sporting Clube de Portugal.