Depois de um considerável interregno, achei que era chegada a altura de voltar a debruçar-me sobre a realidade leonina, quer por dever de ofício (isto de ser editor de um blogue tem associado as suas responsabilidades), quer por considerar que está já praticamente dissipada a ressaca que me tomou de assalto após a derrota do Sporting (e de Paulo Bento, se quisermos ser mais específicos) na famigerada final da primeira edição da Taça da Liga.
Esperei todo este tempo para que não corresse o risco de dizer algo de que pudesse arrepender-me mais tarde. Mas não quero deixar de dizer aqui, preto no branco (ou branco no verde, se quisermos ser mais rigorosos), que a equipa do Sporting (dos jogadores à equipa técnica) foi, nessa noite de má memória, indigna da camisola que veste. É o mínimo que posso dizer passado todo este tempo. Não seria com toda a certeza o máximo que poderia dizer, não fosse o silêncio a que desde então me votei.
De lá para cá, um conjunto de boas exibições, tanto para consumo doméstico (Naval e, mais recentemente, Sp. Braga) como para consumo externo (Glasgow Rangers), aliadas a bons resultados, deram à equipa do Sporting (e a Paulo Bento) novo fôlego que poderá ser determinante num final de época que se prevê complicado e desgastante e onde tudo (ou praticamente tudo) está ainda por definir.
Digo isto porque, apesar de o título de campeão nacional (tema que abordei no post anterior) e a Taça da Liga já não estarem ao nosso alcance, aquilo que poderemos ainda fazer nas restantes provas em que estamos envolvidos, da Taça UEFA à Taça de Portugal, passando pelo 2º lugar no campeonato nacional, poderá ser determinante na avaliação objectiva da época do Sporting.
Dificilmente uma época em que, falhada a conquista do principal título nacional, se alcance o 2º lugar no campeonato (ou o “2º objectivo” como diria Paulo Bento), se vença a Taça UEFA (o “4º objectivo”, se considerarmos que a Liga dos Campeões seria o 3º), a Taça de Portugal (o “5º objectivo”) e a Supertaça (única que já não entra nas contas dos objectivos por se encontrar já exposta numa qualquer vitrina do Mundo Sporting) e se atinja a final da Taça da Liga, embora com o resultado conhecido de todos (ou “conseguimos controlar a transição ofensiva do nosso adversário”, nas palavras do nosso treinador), poderá ser considerada desastrosa.
Da mesma forma, dificilmente poderá deixar de ser pedido aos principais responsáveis da estrutura técnica e directiva do Sporting que assumam as suas responsabilidades caso nenhum daqueles objectivos (com a excepção óbvia da Supertaça) seja alcançado.
Os próximos dias serão determinantes. Tudo – ou praticamente tudo – se encontra ainda por definir.
terça-feira, 8 de abril de 2008
Campeão verdadeiro
O FC Porto sagrou-se, neste último fim-de-semana, campeão nacional 2007/2008, feito alcançado com inequívoco mérito e inteira justiça, apesar de todas as nuvens de suspeição que pairam sobre o clube. Não queria deixar de tecer umas quantas considerações sobre as ditas suspeitas.
Ponto prévio: condeno, obviamente, qualquer acto de corrupção, tentada ou consumada, que tenha como objectivo desvirtuar a verdade desportiva. E condeno-o por muito irrisórios que sejam os montantes ou ofertas em espécie envolvidos no acto e independentemente de esse acto produzir ou não efeitos práticos.
Tendo dito isto, não deixa de ser curioso que os factos sob investigação se reportem a uma época (2003/2004) em que o FC Porto foi claramente melhor que os seus pares, sobretudo a nível interno, mas não só. Independentemente de ter ou não tirado proveito desses actos, não considero que tenha sido por aí que o FC Porto se sagrou nesse ano campeão nacional. Acho até que o FC Porto terá legítimas razões de queixa dos árbitros na época em questão: viu escapar-se-lhe a dobradinha na sequência de (mais) uma exibição vergonhosa de uma equipa de arbitragem liderada por Lucílio Batista que teve influência determinante na atribuição do único título nacional que escapou à equipa de José Mourinho durante o consulado deste último.
Dados os factos conhecidos do público em geral, penso que serão absolutamente legítimas as suspeitas que recaem sobre os dirigentes do FC Porto e, repito, inteiramente condenáveis essas práticas, caso venham a ser comprovadas. Mas penso que a verdade desportiva vai muito para além disso.
Nem sempre isto foi verdade mas, nos últimos 15 anos, com uma única, desonrosa e “gloriosa” excepção, não me lembro de um único campeonato que tenha sido vencido por uma equipa que, não sendo inequivocamente melhor que as outras, não fosse pelo menos tão boa como a melhor.
E, tanto ou mais do que os alegados (e verosímeis) actos de corrupção, penso que será a verdade desportiva que nos deverá preocupar. Pelo menos a mim, é isso que me preocupa. Condeno qualquer acto ilícito que vise desvirtuá-la, mas condeno muito mais veementemente qualquer acto, lícito ou ilícito, que a desvirtue mesmo.
E verdade desportiva só existe uma. Por muito que nos queiram fazer acreditar no contrário. Não é por uma mentira ser repetida muitas vezes que passa a ser verdade. Ou, como ainda ontem pudemos ver, não é por uma estação de televisão passar, em pouco mais de 10 minutos, 28 – vinte e oito (!!) – repetições de uma bola a bater no peito de um jogador que essa bola passa a bater-lhe no braço.
Tal como, se recuarmos uns anos, não foi por se fazer um grande alarido em torno de um lance de uma bola que terá sido defendida sobre a linha de golo (ou talvez não) que alguém no seu perfeito juízo (e aqui reitero a questão do perfeito juízo) poderá alguma vez afirmar, “beyond any reasonable doubt”, que aquela bola entrou. E muito menos que o árbitro que ajuizou o lance o fez de forma condicionada e/ou enviesada.
Podem querer vender-nos as verdades que melhor vendem, mas isso não altera em nada a verdade. E essa é só uma: com ou sem corrupção tentada ou consumada, com ou sem escutas, com ou sem provas, só um clube alcançou, nos últimos 15 anos, a glória suprema de se sagrar campeão nacional alicerçado única e exclusivamente em factos que escapam totalmente ao foro meramente desportivo. E esse clube não foi o FC Porto, por muito que essa “verdade” esteja enraizada junto da opinião pública.
Por tudo isso, mas não só, dou aqui os meus sinceros parabéns ao FC Porto.
Ponto prévio: condeno, obviamente, qualquer acto de corrupção, tentada ou consumada, que tenha como objectivo desvirtuar a verdade desportiva. E condeno-o por muito irrisórios que sejam os montantes ou ofertas em espécie envolvidos no acto e independentemente de esse acto produzir ou não efeitos práticos.
Tendo dito isto, não deixa de ser curioso que os factos sob investigação se reportem a uma época (2003/2004) em que o FC Porto foi claramente melhor que os seus pares, sobretudo a nível interno, mas não só. Independentemente de ter ou não tirado proveito desses actos, não considero que tenha sido por aí que o FC Porto se sagrou nesse ano campeão nacional. Acho até que o FC Porto terá legítimas razões de queixa dos árbitros na época em questão: viu escapar-se-lhe a dobradinha na sequência de (mais) uma exibição vergonhosa de uma equipa de arbitragem liderada por Lucílio Batista que teve influência determinante na atribuição do único título nacional que escapou à equipa de José Mourinho durante o consulado deste último.
Dados os factos conhecidos do público em geral, penso que serão absolutamente legítimas as suspeitas que recaem sobre os dirigentes do FC Porto e, repito, inteiramente condenáveis essas práticas, caso venham a ser comprovadas. Mas penso que a verdade desportiva vai muito para além disso.
Nem sempre isto foi verdade mas, nos últimos 15 anos, com uma única, desonrosa e “gloriosa” excepção, não me lembro de um único campeonato que tenha sido vencido por uma equipa que, não sendo inequivocamente melhor que as outras, não fosse pelo menos tão boa como a melhor.
E, tanto ou mais do que os alegados (e verosímeis) actos de corrupção, penso que será a verdade desportiva que nos deverá preocupar. Pelo menos a mim, é isso que me preocupa. Condeno qualquer acto ilícito que vise desvirtuá-la, mas condeno muito mais veementemente qualquer acto, lícito ou ilícito, que a desvirtue mesmo.
E verdade desportiva só existe uma. Por muito que nos queiram fazer acreditar no contrário. Não é por uma mentira ser repetida muitas vezes que passa a ser verdade. Ou, como ainda ontem pudemos ver, não é por uma estação de televisão passar, em pouco mais de 10 minutos, 28 – vinte e oito (!!) – repetições de uma bola a bater no peito de um jogador que essa bola passa a bater-lhe no braço.
Tal como, se recuarmos uns anos, não foi por se fazer um grande alarido em torno de um lance de uma bola que terá sido defendida sobre a linha de golo (ou talvez não) que alguém no seu perfeito juízo (e aqui reitero a questão do perfeito juízo) poderá alguma vez afirmar, “beyond any reasonable doubt”, que aquela bola entrou. E muito menos que o árbitro que ajuizou o lance o fez de forma condicionada e/ou enviesada.
Podem querer vender-nos as verdades que melhor vendem, mas isso não altera em nada a verdade. E essa é só uma: com ou sem corrupção tentada ou consumada, com ou sem escutas, com ou sem provas, só um clube alcançou, nos últimos 15 anos, a glória suprema de se sagrar campeão nacional alicerçado única e exclusivamente em factos que escapam totalmente ao foro meramente desportivo. E esse clube não foi o FC Porto, por muito que essa “verdade” esteja enraizada junto da opinião pública.
Por tudo isso, mas não só, dou aqui os meus sinceros parabéns ao FC Porto.
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